sábado, 13 de julho de 2013

AS RUAS, OS TRABALHADORES E AS FORÇAS OCULTAS

Há 500 anos temos o conservadorismo no poder. Somente em 1988 pudemos homologar uma Constituição Cidadã e há apenas dez anos mudamos a trajetória de nosso país do ponto de vista econômico e político, mas, ainda temos muito que aprender sobre nós mesmos, nossa história, nossas forças políticas, nossas lutas e como podemos seguir em frente de forma diferente, transformando a sociedade que vivemos numa sociedade melhor, mais digna, mais justa e igualitária. Luto por isso há muito tempo. Vi muitas crianças e adolescentes da periferia morrendo pelas mãos da polícia e de traficantes de drogas. Já vi muitos moradores das periferias terem suas casas invadidas por ambos os lados dessa guerra que não é de hoje mancha nosso país com sangue e lágrimas. Depois de atuar por 17 anos numa comunidade de periferia numa cidade esquecida pelo poder público como é São Gonçalo no RJ, transferi minhas energias para as lutas sindicais. Desde 2000 e lá vão 13 anos busco dar o melhor de mim junto com alguns companheiros para melhorar as condições de trabalho dos trabalhadores e trabalhadoras que represento. Aprendi que as dificuldades são feitas para exercitar nossa capacidade de resolver problemas e assim vamos todos indo, lutando e buscando o melhor... Ao longo desses anos participei de várias marchas, passeatas e atos nas ruas do Rio de Janeiro, em São Paulo e em Brasília e nunca vi acontecer o que aconteceu conosco nesse 11 de julho de 2013. Mês passado tive que fugir com alguns companheiros de um bando de covardes bombados que queriam impedir que participássemos com nossas blusas vermelhas e nossas bandeiras e faixas de uma passeata onde pensávamos era por direitos, democracia e liberdade. Vimos a duras penas que não era. As pessoas que quebraram nossas bandeiras e queriam nos agredir eram muitas e violentas. Não conseguimos entender sua agressividade a não ser como algo que foi organizado, mandado, dirigido para nós, nossas lutas e nosso desejo de transformação. Em 1964 era assim também, a discriminação contra os comunistas, "aqueles que comiam criancinhas" como muitos diziam. Me senti discriminada, alijada do meu direito de protestar e de fazer valer as lutas que há muito tempo lutamos de fato. Nesse último dia 11/07 foi pior. Estávamos felizes em participar de uma grande marcha dos trabalhadores e trabalhadoras convocada pelas Centrais Sindicais. Muitos dos trabalhadores de nossa categoria estavam presentes. Estive com alguns ao longo da passeata. Empunhávamos nossas faixas e bandeiras, conscientes de nosso papel e dos objetivos que nos uniam. Aquela era nossa passeata, pelos nossos direitos, pelas nossas lutas, pela nossa pauta! Foi quando fomos agredidos de duas formas. A primeira ao sermos cercados por pessoas vestidas de preto de máscaras que com coquetéis molotov e gestos obscenos nos agrediram e depois quando a polícia, sem se importar quem estava ali também, jogou bombas de efeito moral, gás lacrimogênio e passou a atirar desmedidamente para cima, dispersando nossa passeata e assustando todos nós. Havia muita gente comigo. Não só homens como mulheres, jovens e idosos. Preocupada e sozinha no meio da confusão só conseguia pensar em como estavam cada um dos companheiros que participavam comigo daquela passeata. Nem sei como consegui sair dali para ir para outro lugar onde me disseram estaria mais calmo, mas, que no final, se transformou numa praça de guerra. Meus olhos vermelhos aos poucos foram melhorando, meu nariz e meus ouvidos também, mas, minha tristeza de ver que tínhamos sido atacados tanto pelos "ditos manifestantes" como pela polícia me deixou sem forças momentaneamente, e, parada onde estava, fui "salva" por três companheiros e ficamos todos reclusos no 18º andar do prédio onde nos abrigaram. Algumas horas depois me colocaram num ônibus e consegui vir para casa. A essa altura já tinha conseguido falar com todos que me preocupavam e mais tranquila passei a refletir. Quem são essas pessoas de preto que agem com a mesma violência que a polícia que dizem combater? Quem são essas pessoas com máscaras que não querem ser reconhecidas e tem medo de mostrar a cara? Que ódio é esse que não tem medida e trata trabalhadores e movimentos sociais da mesma forma que a polícia colonialista de sempre? Que forças políticas são essas? Forças políticas sim, reacionárias e violentas como seus atos grotescos demonstraram. Nós trabalhadores sempre lutamos contra muitas forças "ocultas" que tentam nos subjugar. Mais uma vez estão tentando... Que venham! Não vamos fugir da luta jamais!

Um comentário:

  1. Parabens pela luta. Mas o que encheu o saco do povo foi a esquerda seguir cartilha sem ouvir o povo. Por exemplo, 93% da população é a favor da maioridade penal... mas o que fez o governo? ignorou e ignora a vontade popular e continua teimando em defender bandidos e menores infratores. Isso desmoraliza os partidos de esquerda e demoraliza o socialismo, já que esse tipo de "socialimo tupiniquim" só existe aqui (sem fundamento cientifico) e é prejudicial ao Brasil. O partido deve cumprir a vontade popular, e não seguir a cartilha de burocratas dos partidos.

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