sábado, 11 de agosto de 2012

AO MEU PAI COM CARINHO!

Meu pai se estivesse entre nós iria fazer 87 anos. Vai fazer dois anos que ele morreu em outubro desse ano. Parece que foi ontem!  Meu pai era um homem cheio de problemas e contradições. Ele e minha mãe tiveram uma vida em comum esculpida num mar de hipocrisia. Não posso julgá-los. Fizeram o melhor que puderam num mundo que não lhes concedeu muitas oportunidades e lhes tolhiu as experiências. O que fazer diante de um sistema que estimula a mentira e a falsidade? Nosso sistema colonialista e capitalista sempre defendeu a hipocrisia e meus pais sofreram sua influência, como muitos de sua época. Mas, nessa véspera do dia dos pais me refiro a meu pai para me lembrar de coisas bonitas que aprendi na minha infância. Meu pai era um músico apaixonado pela música brasileira. Adorava chorinhos, sambas, valsas, marchas... Tocava violão, cavaquinho e bandolim, esse último foi o instrumento em que se notabilizou nos conjuntos que tocou. Ele me inspirava a cantar e cantei com ele algumas vezes em suas serestas. Ele ficava todo orgulhoso, mas, naquela época confesso que não dava tanto valor a isso. Eu gostava de cantar de tudo um pouco e cantar com ele não era tão interessante para mim, pois, as músicas que ele tocava não eram de minha geração! Eu era fã dos festivais e das músicas de Chico Buarque, Milton Nascimento, Elis Regina e muitos outros dessa época tão conturbada da história do Brasil. Durante as férias da escola vinha sempre para a casa de meus avós e brincava com minhas primas de Festival da Canção (uma imitação aos festivais da canção da época) e, sempre era intitulada a vencedora no final. Era engraçado! Tinhamos um gravador e gravávamos as canções, cada uma com sua interpretação. Eu mesma era a apresentadora, era a jurada e era uma das cantoras que disputava. Não tinha para ninguém!!! Meu avô de vez em quando dava um "pitaco" como julgador... As músicas dos festivais tomavam formas diferentes em nossas vozes de crianças apaixonadas e ingênuas. E meu pai sorria e me incentivava. Foi por causa do meu pai que fiz cinco anos de aulas de piano e cheguei a compor algumas músicas. Foi instigada por ele que atuei no teatro e nos show´s das várias escolas que frequentei. A arte entrou na minha vida, porque de uma certa forma tive bastante contato com ela através do meu pai. Depois, joguei tudo fora, na rebeldia de meus 15 anos, parei com a música, parei com o piano e fui viver minha vida, longe dele e de sua influência musical. Mas, a arte nunca saiu de dentro de mim. Nem havia como! O que ele estimulou já estava dentro de mim desde meu nascimento. Hoje, lembro desse período de minha vida com saudade. Penso no quanto aprendi nos últimos tempos, e o quanto ainda preciso aprender. Meu pai não foi um homem perfeito! Quem o é? Sua grande influência em meus dias hoje se expressam no meu amor pela arte, pela música, pela dança, pelo teatro... Obrigada papai, ainda que tardiamente pelas oportunidades que me deu de conhecer músicas, autores e danças. Obrigada! Amanhã, dia dos pais, ouvirei um chorinho de Jacob do bandolim e farei um minuto de silêncio por você e no final direi com orgulho: Wilson Pereira Deslandes, PRESENTE!

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