sábado, 21 de abril de 2012

SINDICALISMO, POLÍTICA, ESPONTANEIDADE E CONSCIÊNCIA

Há algum tempo penso escrever esse post. Não sei se todos sabem, mas, também atuo como professora em uma Universidade privada. Não tem sido fácil com todas as ocupações que tenho no sindicato, mas, hoje, confesso que a oportunidade de lecionar tem sido um estímulo a mais à minha vontade de ser co-participante das mudanças em meu país. O contato com os alunos tem me feito um bem enorme, pois, com eles, tenho podido aprender e refletir sobre muitas questões políticas importantes e tenho conseguido reformular meu modo de pensar o sindicato, sua atuação, sua contribuição para a melhoria da sociedade em que vivemos. Cheguei na Universidade com um enorme preconceito político sobre o que iria encontrar. Ali, pensei, iria ter contato com jovens e adultos alienados, doutrinados no modo capitalista de pensar, subjugados pelas crenças colonialistas querendo pegar um diploma para satisfazerem suas necessidades capitalistas de terem melhores empregos e salários, competindo vorazmente no Deus Mercado e tentando passar a perna uns nos outros. Como estava errada! E que bom estava! Não vou dizer que não encontrei também o que temia. Encontrei sim, mas, em pequena escala. Desde que comecei a lecionar passei por 10 turmas diferentes e cada uma delas com suas peculiaridades, suas surpresas e suas diversidades. Temos tido grandes oportunidades de diálogo onde trocamos conhecimentos, sonhos, reflexões, debatendo democráticamente nossas idéias a respeito das relações de trabalho no Brasil, os conflitos, as formas de lidar com eles e sobre o sindicalismo, como ele está estruturado em nosso país, quais seus problemas e quais suas conquistas. E como tenho aprendido... Essas mulheres (em sua maioria) e homens, minhas alunas e alunos, tem me ajudado muito a entender o que Rosa Luxemburgo chama de "Espontaneidade Revolucionária". Alguns como Lenin, creditam a esse termo "espontaneidade" uma pecha de voluntarismo inconsciente, o que não acredito tenha sido a idéia de Rosa quando defendeu essa idéia. O ser "espontâneo" é o ser que traz em si sua força, sua vontade, sua consciência de si, sua individualidade (diferente de individualismo). Acrescido da palavra "revolucionária" ganha contornos mais complexos que sugerem sensos de organização e luta no coletivo. A contribuição de Rosa Luxemburgo nos faz compreender as posições diferentes e divergentes em que se colocam os trabalhadores e trabalhadoras a partir de sua práxis e do momento histórico que atravessam em suas vidas cotidianas. Esses dias, discutindo em sala de aula o Imposto Sindical, vislumbrei a oportunidade de conhecer suas posições sobre o assunto. Vários deles entendiam e defendiam a importância das lutas de alguns sindicatos que conheciam e a importância do financiamento dessas lutas, ao mesmo tempo questionavam - Quais sindicatos? Quais dirigentes? Quem são aqueles que me representam? Que trabalho realizam? Ao que eu argumentava - Como questionar? Como criticar? Onde a participação de vocês se nem nas assembléias que são convocadas vocês vão? Vocês conhecem a quem criticam? Quem são vocês nisso tudo? Um pingue pongue de argumentos que fortaleceu as discussões e fez com que todos refletíssemos. Marx tem uma frase famosa que diz: "A emancipação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores". É isso que penso e isso é que estimulo em mim e nos que me rodeiam! Minhas alunas e alunos estão mostrando o quanto a política é inerente às suas vidas, mesmo que eles não chamem isso de política ainda. O que importa? Estão se formando nela dia a dia e fico feliz que possa de alguma forma colaborar com isso...

Um comentário:

  1. Realmente o ato político não se dá apenas quando nos armamos no sentido físico, mas quando a realidade nos incomoda e sobre a mesma nos fazemos presente fisicamente e ideologicamente, buscando a solução dos problemas ou minimamente a denúncia d eque alguma coisa está errada e injusta. Para isso a consciência de classe, posição social e visão do todo se fazem necessárias.

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